Câmara

Sobrenome toponímico português, com origem em Câmara de Lobos, na ilha da Madeira. O primeiro a usar foi João Gonçalves, o Zarco ou Zargo (1390-1471), cavaleiro da casa do infante dom Henrique (1394-1460), tendo participado da tomada de Ceuta (1415) e do cerco de Tânger (1437). Sua origem não é clara e as fontes divergem; seria natural de Tomar ou de Matozinhos. Algumas afirmam que era aparentado com João Afonso ou Fernão Afonso de Santarém.

Segundos alguns etimologistas, Zarco significa o de “olhos azuis”. Fontes antigas, no entanto, creditam o apelido ao fato de João Gonçalves ter perdido um olho na luta contra os mouros, durante a batalha de Tânger, vindo daí o apelido – de zargo, “olho torto”. Há quem acredite ainda que o motivo foi a morte de um mouro de nome Zarco – como nome de família, Zarco é encontrado entre famílias de judeus sefaraditas.

De qualquer forma, João Gonçalves foi o descobridor da ilha da Madeira (ou, pelo menos, o primeiro a tomar posse dela, em 1419) e seu primeiro donatário. Por ter desembarcado em uma região com grande quantidade de lobos marinhos deu ao local o nome de “Câmara de Lobos”. Mais tarde, o rei dom Afonso V (1432-81) o denominou de João Gonçalves da Câmara de Lobos, concedendo, inclusive, novo brasão de armas, fazendo-o cavaleiro da Casa Real, em 4 de julho de 1460.

No Brasil

João Gonçalves da Câmara casou com Constança Rodrigues de Sá, com quem teve numerosa descendência, que se espalhou pela ilha da Madeira, Açores e Brasil.

Entre algumas personalidades com este sobrenome destacamos o historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986).